Babilónia mudou-se para http://www.segundogumexxl.blogspot.com/. Ide lá visitá-lo ò poetas deste Mundo, que, tal como ler versos , vale a pena!!! Já começo a sentir vossas saudades...
Saudadi,
Saudadi,
Dessi meu Gume de Sã Nicolau... etc etc...
Wednesday, March 26, 2008
Tuesday, January 1, 2008
Reveillon! (Reveillons...)
Saturday, December 29, 2007
Última Missiva
És vil, és reles, como toda a gente,
Não tens amor p’ra dar, mas quem o tem?
É só o Egoísmo, esse Insolente,
Quem manda nos afectos por[1] alguém.
Gostas por gostar como quem gosta
De fumar charutos de manhã;
Sentir é para ti como uma aposta,
E o coração, um rústico tantã!
Buscas o prémio – todos queremos prémios;
Buscas um ganho material e ôco;
Buscas, não o negues, o prazer.
É toda a gente avara pelos grémios.
Tudo o que tens, enquanto o tens, é pouco;
Vale todo mal, menos perder…
Saldanha, 05/12/07
[1] Nota do Autor: Versão Alternativa: De
Não tens amor p’ra dar, mas quem o tem?
É só o Egoísmo, esse Insolente,
Quem manda nos afectos por[1] alguém.
Gostas por gostar como quem gosta
De fumar charutos de manhã;
Sentir é para ti como uma aposta,
E o coração, um rústico tantã!
Buscas o prémio – todos queremos prémios;
Buscas um ganho material e ôco;
Buscas, não o negues, o prazer.
É toda a gente avara pelos grémios.
Tudo o que tens, enquanto o tens, é pouco;
Vale todo mal, menos perder…
Saldanha, 05/12/07
[1] Nota do Autor: Versão Alternativa: De
In-Descrição
A típica mulher francesa
(Que se deita sobre a mesa,
E se rebola em can-cans)
É quente como o lume:
Arde por dentro e por fora,
E incendeia, na hora,
Mesmo a carcaça malsã!
Porque sabe que as causas são maiores
Do que ideais de livros moralistas,
A tudo o que é moral, ela é imune.
Tomou como costume,
E só por seus amores,
Tomar conta de si, a Idealista!
Pinta por isso as unhas e os cabelos
Como quem pinta telas de Lautrec:
«Antes de mais, um estilo impressionista!
Senão o for, alors, cherrie, forget! –,
Explica com grande entusiasmo –
«Os outros estilos, nem vê-los!
Gaston, os meus chinelos!
Je part en voyage!»
É uma senhora culta, já se vê,
Que despreza o pasmo e o marasmo,
Mas, estranhamente, aprecia a bricolage!
Ainda que com outras variantes…
Mas vá, o importante
É constatar como ela vê a vida
E as várias incursões no quotidiano:
Presumivelmente presumida,
Ela é na verdade uma bacante
(No sentido mais clássico do termo)
Que faz sagrado tudo o que é profano
Do ermo mais distante ao outro ermo!
E há beleza em ver que os seus olhos,
Que se refractem em folhos
De luzes siderais,
Mudam comummente e em casos tais
Que acompanham a razão do seu humor:
Reflectem a alegria e o azedume,
O frio e o calor!
E a côr que têm sempre é divinal:
Por vezes de avelã,
Por vezes côr de estrume,
Um tom constantemente excepcional!
Se acaso quer passar despercebida
(Por ser reservada e muito humilde)
Pinta os seus caracóis de permanente,
De um loiro oxigenado fluorescente,
De modo a que ele brilhe um pouco mais…
Zela, claro, para evitar os excessos –
Que são muito banais…
O Coiffeur é Jean-Marie Clotilde;
A toilette é feita na Crémilde;
E o tailleur é o Gigi, um inovador,
Um génio da Couture e do Progresso!
Nascer em França, está visto, é do melhor:
E nem importa se isso tem um preço…
Também é de espantar um seu capricho
(Muito inocente, e casto, por sinal)
Em (de acordo com um método importado)
Fazer do seu humilde lar um nicho
De festas de «carácter social».
Como o quarto de Hotel é alugado,
Ou a mansão paga por um noivo rico,
Madame encolhe os ombros: «Não tem mal!»
O facto é que ela é impressionante:
Enquanto nos artigos das revistas
Surgem boatos de ser materialista
E até um pouco libertina,
Ela mostra ser espiritual
E até conservadora em demasia!
Diz que é a sua sina!
Gosta pois de respeitar
(E quem diria?!)
Uma tradição de traços extravagantes
De, através de um particular exibicionismo,
(Que considera o bastante),
Se tornar na figura dominante:
«Dominar – afirma – é um preciosismo,
E o preciosismo quer-se praticante!»
Aprecia (à margem dos sofismas)
Observar com cuidado os vários prismas
Ditos «introspecções da vida»
De forma simples, coesa e resumida,
Para não abusar do seu papel
De intelectual assumida,
(De que é deveras fiel)
E que abraça com ternura especial.
Tem como tese principal o “Positivismo”
E um “à-vontade” fora do normal,
Com um lato sentido prático
(E isto é um eufemismo!)
Das coisas e dos modos.
O seu raciocínio, arguto, nunca é estático:
Viaja, e pensa os casos todos!
E ainda assim, pobrezinha,
(Talvez por (lá no fundo!) ser sozinha)
Chora por tudo:
Mesmo quando perde o gato! –
Mas esse Entrudo já faz um pouco parte
Daquela arte do sentimentalista:
Adora o teatro, o palco , o drama,
A maquilhagem fantasista!
Gosta muito de ser protagonista
(E o seu enfoque tem chama!)
De qualquer tema sócio-filosófico.
Como qualquer polemista organizado
Distribui as suas elações
(Nome que dá a difamações e intrigas)
Por secções, por dossiers, por siglas,
Por títulos, por quadros e por tópicos.
Tem muito tacto.
Disserta sobre sexo ao desbarato
E plena de sentido solidário
Aceita como aluno qualquer tolo…
É um(a) turista praticante e regular
Com inúmeras hipóteses no rolo!
Autodidacta, fala muito:
– Um pouco de tudo –
E este tudo (este muito!)
Note-se o brilhantismo!,
Está, do povinho, acima, muito furo!
Gosta de estudar em secretismo
O perfil da Concubina do Futuro…
Lisboa, 27/10/97
(Que se deita sobre a mesa,
E se rebola em can-cans)
É quente como o lume:
Arde por dentro e por fora,
E incendeia, na hora,
Mesmo a carcaça malsã!
Porque sabe que as causas são maiores
Do que ideais de livros moralistas,
A tudo o que é moral, ela é imune.
Tomou como costume,
E só por seus amores,
Tomar conta de si, a Idealista!
Pinta por isso as unhas e os cabelos
Como quem pinta telas de Lautrec:
«Antes de mais, um estilo impressionista!
Senão o for, alors, cherrie, forget! –,
Explica com grande entusiasmo –
«Os outros estilos, nem vê-los!
Gaston, os meus chinelos!
Je part en voyage!»
É uma senhora culta, já se vê,
Que despreza o pasmo e o marasmo,
Mas, estranhamente, aprecia a bricolage!
Ainda que com outras variantes…
Mas vá, o importante
É constatar como ela vê a vida
E as várias incursões no quotidiano:
Presumivelmente presumida,
Ela é na verdade uma bacante
(No sentido mais clássico do termo)
Que faz sagrado tudo o que é profano
Do ermo mais distante ao outro ermo!
E há beleza em ver que os seus olhos,
Que se refractem em folhos
De luzes siderais,
Mudam comummente e em casos tais
Que acompanham a razão do seu humor:
Reflectem a alegria e o azedume,
O frio e o calor!
E a côr que têm sempre é divinal:
Por vezes de avelã,
Por vezes côr de estrume,
Um tom constantemente excepcional!
Se acaso quer passar despercebida
(Por ser reservada e muito humilde)
Pinta os seus caracóis de permanente,
De um loiro oxigenado fluorescente,
De modo a que ele brilhe um pouco mais…
Zela, claro, para evitar os excessos –
Que são muito banais…
O Coiffeur é Jean-Marie Clotilde;
A toilette é feita na Crémilde;
E o tailleur é o Gigi, um inovador,
Um génio da Couture e do Progresso!
Nascer em França, está visto, é do melhor:
E nem importa se isso tem um preço…
Também é de espantar um seu capricho
(Muito inocente, e casto, por sinal)
Em (de acordo com um método importado)
Fazer do seu humilde lar um nicho
De festas de «carácter social».
Como o quarto de Hotel é alugado,
Ou a mansão paga por um noivo rico,
Madame encolhe os ombros: «Não tem mal!»
O facto é que ela é impressionante:
Enquanto nos artigos das revistas
Surgem boatos de ser materialista
E até um pouco libertina,
Ela mostra ser espiritual
E até conservadora em demasia!
Diz que é a sua sina!
Gosta pois de respeitar
(E quem diria?!)
Uma tradição de traços extravagantes
De, através de um particular exibicionismo,
(Que considera o bastante),
Se tornar na figura dominante:
«Dominar – afirma – é um preciosismo,
E o preciosismo quer-se praticante!»
Aprecia (à margem dos sofismas)
Observar com cuidado os vários prismas
Ditos «introspecções da vida»
De forma simples, coesa e resumida,
Para não abusar do seu papel
De intelectual assumida,
(De que é deveras fiel)
E que abraça com ternura especial.
Tem como tese principal o “Positivismo”
E um “à-vontade” fora do normal,
Com um lato sentido prático
(E isto é um eufemismo!)
Das coisas e dos modos.
O seu raciocínio, arguto, nunca é estático:
Viaja, e pensa os casos todos!
E ainda assim, pobrezinha,
(Talvez por (lá no fundo!) ser sozinha)
Chora por tudo:
Mesmo quando perde o gato! –
Mas esse Entrudo já faz um pouco parte
Daquela arte do sentimentalista:
Adora o teatro, o palco , o drama,
A maquilhagem fantasista!
Gosta muito de ser protagonista
(E o seu enfoque tem chama!)
De qualquer tema sócio-filosófico.
Como qualquer polemista organizado
Distribui as suas elações
(Nome que dá a difamações e intrigas)
Por secções, por dossiers, por siglas,
Por títulos, por quadros e por tópicos.
Tem muito tacto.
Disserta sobre sexo ao desbarato
E plena de sentido solidário
Aceita como aluno qualquer tolo…
É um(a) turista praticante e regular
Com inúmeras hipóteses no rolo!
Autodidacta, fala muito:
– Um pouco de tudo –
E este tudo (este muito!)
Note-se o brilhantismo!,
Está, do povinho, acima, muito furo!
Gosta de estudar em secretismo
O perfil da Concubina do Futuro…
Lisboa, 27/10/97
Say Farwell, Don’t say Goodbye
Adeus grandes amigos mais ou menos!
Adeus, ò familiares mais que esquecidos!
Vou viajar, partir, subir os Renos
E os Tibres e os Senas dos sentidos!
Além do material vão e tangível,
Além das frustrações do quotidiano,
Disse-me um sonho, habita essa irascível
Rainha do Sagrado e do Profano.
El’ há-de devolver-me a luz ao dia,
Amar-me como as Dríades de Ovídio,
Soldar a minha alma tão vazia!
Vou viajar porque isto é um presídio;
Porque hoje decidi que me evadia;
Estava a pensar, talvez, num suicídio…
Lisboa, 25/09/06
Adeus, ò familiares mais que esquecidos!
Vou viajar, partir, subir os Renos
E os Tibres e os Senas dos sentidos!
Além do material vão e tangível,
Além das frustrações do quotidiano,
Disse-me um sonho, habita essa irascível
Rainha do Sagrado e do Profano.
El’ há-de devolver-me a luz ao dia,
Amar-me como as Dríades de Ovídio,
Soldar a minha alma tão vazia!
Vou viajar porque isto é um presídio;
Porque hoje decidi que me evadia;
Estava a pensar, talvez, num suicídio…
Lisboa, 25/09/06
Ansiedade
I
Estou certo, amor, de ser como uma planta
Que o Tempo, esse Vilão, murcha e fenece.
É manhã. Chove; e o sol mal se levanta…
A chuva molha a alma que se espanta,
O vento assola o corpo que adoece…
Estou constipado em mim. Dói-me a garganta
Grandezas que sonhei, vi-as secar…
Eu quero a hora exacta, a hora santa,
A Ilusão da Vida, eterna manta
Que cobre o coração, ao dormitar…
Eu quero e espero ainda poder ter
Mais do que estas vontades sem matéria,
Mais do que estes desejos por haver,
E ideias por cumprir e por fazer
E planos de evasão desta Miséria!
Mas porque espero amor p’lo amor que espero,
Se tudo passa ao largo e não em mim?
Murchei. Está visto. O mais é o desespero
Normal em tudo aquilo quanto quero,
Tão próprio desse limbo de onde vim…
E tudo isto porque te ansiei.
Porque uma noite má sonhei contigo.
O que tu és surgiu-me e eu estagnei.
Posso abraçar-te a vida inteira, à Lei,
Dizer-te o que então disse, não te digo.
Mas digo-te isto, agora, se quiseres,
Como nunca, jamais, eu disse a alguém:
És toda a minha força, e os meus seres,
Todo o desejo que há no ter prazeres,
Toda esta Fé qu’ este meu crer contém.
E sei que se algum dia me deixares
Eu vou ficar mais sêco que um Outono,
Como um vadio perdido em mil lugares,
Correndo, grosso e vil, os lupanares,
Chorando em qualquer esquina o abandono!
E sei também, e tem isto seguro,
Que nesse dia que eu pressinto perto,
O mundo inteiro há-de ficar escuro,
A Morte há-de cobrir o meu Futuro,
E tudo há-de murchar com o desacerto!
Sim, tudo, tudo, tudo, é garantido!
Desde a mais breve flor de uma manhã,
Ao caule mais pequeno e mais escondido,
Ou ao tronco mais sólido e crescido
Que há-de tombar como uma folha vã!
E do silêncio tumular das ruas
Há-de brotar um grande cemitério;
E as gentes, enlutadas, brutas, nuas,
Hão-de sair das casas sob as luas
Fadadas pelos astros do Mistério!
E então, descendo as longas Avenidas,
Da Bonomia à Grande Perdição,
Há-de seguir a trupe das carpidas
Hienas velhas, tristes, condoídas,
Por ir a enterrar meu coração…
Morreu porque ansiou a tua vida
Junto co’a minha, num’eterna união…
Que utopia estranha e presumida!
Que grande estupidez irreflectida!
Que triste e singular alienação!
II
Sou planta de mim, em Babilónias
De almas mil que tive e que esqueci
Em sonhos de outros sonhos de sonhar.
Fui Rei do que vivi em cerimónias
Que inventei depois que me fingi
Um Rei com Roque e Reino onde Reinar.
Não tive jardineiro nem monções,
A vida fustigou-me em mil feitios,
Mil vezes vi as pétalas tombar.
Mas fui Senhor das minhas sensações,
Tive mais força em mim do que há nos rios,
Ri-me do Fim onde outro há-de chorar!
Num dia que há-de vir, no fim de tudo,
Um cavaleiro negro de capuz
Há-de agitar o braço, há-de ceifar.
E eu hei-de contemplá-lo inerte e mudo,
Eu hei-de ver o sol perder a luz
Eu hei-de ver os lagos a secar…
E hei-de então buscar os seus motivos
Pensar em mil razões p’r’ó sucedido,
Culpar a Sorte, a Vida, a Divindade;
Hei-d’ olvidar, dos Homens, serem esquivos,
Como fui eu a mão desse bandido
Que tomou forma na minh’ ansiedade…
III
Muito cedo na hora,
Muito vento.
Mas não é tão feio lá por fora
O Inverno que se faz sentir por dentro.
Uma ausência de gente;
Um certo muro.
O que sou desesperadamente
Busca um porto que seja mais seguro.
Ou uma mão,
Uma companhia…
Mas não há Sol que brilhe no serão,
Nem esta noite afasta, a luz do dia.
Sombra; reflexo de algum corpo.
Mas nada que possua nitidez.
Sou eu, és tu, é o outro e o outro;
E o outro, mais, por sua vez.
Tarde.
O sonho arde.
Continuo sem ter-te ou ter-me a mim
E tudo o mais em plena Solidão…
Que somos?
Que fazemos, nós, aqui? –
Adões e Evas do Eterno Jardim
À espera de cumprir a Maldição!
IV
Temos sonhos como toda a gente.
Mas nós sonhamos só pela metade.
Todo o espírito que é nosso é incoerente
E é o medo, sempre, que o invade.
E quem virá aqui pegar-me a mão?
Quem me afagará, estará por perto?
Tu não; ele não; vós não; eles não –
Muito menos aquele Deus incerto…
V
A Noite chegou só para mim...
Só para mim é tudo tão deserto...
VI
Aos outros,
Por serem outros,
A dor nunca lhes pesa.
Para os outros,
Pois são outros,
Nunca há Fim.
VII
Só para mim é tudo tão deserto...
A Noite chegou só para mim...
VIII
Os outros comem fartos uma carcaça obesa,
Os outros passam vidas de festim em festim.
Os outros…
Aos outros…
Para os outros…
Aos outros nunca pesa…
Porque me pesa a mim?
IX
Aos outros nunca pesa…
E se pesasse?
E se de súbito o vento lhes mudasse
E lhes soprasse a Dor por um clarim?
Viria, a raiva?
Iriam revoltar-se?
Degolariam o homem que passasse?
Arrasariam vilas num motim?
Não…
Talvez não tanto…
Talvez gritassem só, dessa aflição,
Ou apenas mendigassem um conforto…
Ou um consolo; um beijo; um fofo manto?
Ou uma nova pele para este corpo?
X
Mas para o Mal que enche a escuridão,
Que porta hão-de selar?
E a ferida que me arde o coração,
Como hão-de a suturar?
XI
À noite, ao longe, as flautas dos pastores
Parecem vir tocar na minha alma…
Escutai! “Ouvem-se já os rumores”
Que trarão paz e calma!
Festa! Banquetes e tambores!
E nós gozando a falsa liberdade
E a doce ilusão das iguarias…
A mesa está cheia, exultai amores!
E com a gula típica de um frade
Cuidamos de comer com alegria…
A mesa está cheia, exultai amores!
É a doce ilusão das iguarias…
XII
Mas terminado o pasto glorioso,
Quando entornado o sumo das garrafas,
Vemos com espanto que a mesa está vazia:
Nunca existiu o vinho saboroso,
Nunca tomámos as taças:
(Nunca tomámos os dias…)
E não nos resta mais do que a agonia
De ter provado um fruto inexistente…
Sensação tão fria
E permanente!
XIII
– Que terrível trapaça!
Estar sujeito à força de um Destino!
Ter a alma à deriva!
– Arrastar a carcaça
Sem noções e sem tino…
Viver d’ alma cativa…
– Odeio a vida que passa.
Tudo o que há, abomino…
Detesto tudo o que viva…
XIV
Vou mandar uma missiva
Aos Senhores do Universo
Com o seguinte documento
Registado em frente e verso:
«Ò Deuses do Céu Cinzento,
Ò Deuses mais que perversos,
Sou Filho do Sofrimento,
Bastardo de um Ser Disperso,
Minha mãe era um excremento,
Em nada do cão diverso,
Eu rastejo pardacento,
Só com as pedras converso;
E só a elas confesso,
Este meu estar desatento,
Desmembrado como um terço,
Trancado no Sentimento,
Já me cansei dos grilhões,
Da pena, do calabouço:
Atirai-me às multidões,
Ou para o fundo de um poço,
Que me façam arranhões,
Se me atirem ao pescoço,
Que me dêem com bastões,
Chicotes de cabo grosso,
Que me roam alazões
Até ao branco do osso,
Que me apaguem das razões
As sensações com que ouço
As minhas acusações
De não ser tudo que posso,
E as minhas frustrações,
As mágoas em que me roço,
E estas vãs pulsações,
E este inútil Pai Nosso,
E estas aspirações,
E este ver que sufoco,
E estas inspirações,
Ai este ver que sufoco!,
E estas expirações,
Ai este ver que sufoco!,
E estas respirações,
Ai este ver que sufoco!,
E estas transpirações,
Oh, asma de ser um fraco!,
Custa-me ter dois pulmões
Mas não ter fol’go de facto…
XV
Anseio por um Homem mais exacto…
XVI
Hora da Hora inconstante.
Que vedas o meu sossego,
Vai p’ra longe! Vai, distante,
Imolar outro borrego!
XVII
Porque hoje, que é o dia em que me nego…
XVIII
O corpo dorme e a razão está parada;
O corpo dorme e a razão… estendida!;
O corpo dorme e a razão é nada;
O corpo dorme. E o que faz a Vida?!
(…)
O relógio suspende o seu batente.
O relógio suspende o coração.
O coração suspende, descontente,
O relógio que marca a pulsação…
(…)
Pulsa, pulsa, pulsa ò sofrimento!
Pula, pula, pula, exaltação!
Ulular!, gritar! Sê barulhento!
Pulular, urrar, aclamação!
(…)
Eu que fui nada, e nada, e sou demente,
Tenho o globo aqui nas minhas mãos…
Simples nada
Alucinação.
XIX
Mas um sonho ainda a balançar!
(E uma ânsia!)
Um furacão, talvez, que se avizinha?
Uma impressão fugaz que antes não tinha?
Uma certeza insana de te amar?
Uma fome voraz de afirmação?
(Que ânsia!
Que ânsia que eu não tinha!)
Pudera então ao menos calcular
Essa medida exacta da distância
Que há entre mim e a minha…
…Perdição!
Um dia a minha dor será Rainha
Deste meu corpo em putrefacção…
Um dia a minha dor…
…Que solidão!
XX
E além da dor eu tenho uma impotência…
Uma abissal ausência de vontade…
E esta raiva, magma de vulcões!
Porque razão? Porquê, ò inclemência?
Porquê tamanha sina, ò Potestades?!
Porque me dais tamanhas provações?
XXI
Poder provar enfim a Divindade
Para saber que é como as povoações!:
Banal e reles, a vulgaridade –
Sem nada que a distinga dos milhões…
XXII
Mas nada posso além dest’ansiedade:
Ajo em receio, por hesitações;
Sou um cobarde, como a Humanidade.
Só sou sincero por simulações…
XXIII
Tudo em mim é incoerência,
Como a materialidade,
Sou absurdo sem razões!
De ter de ter Consciência,
Toda a tontura me invade;
Tremo em longas convulsões!
Vivo sem ter consistência,
Sem ter verticalidade,
Penso por abstracções!
Gasto-me em subserviência,
Sirvo com assiduidade
Dandys, Damas, Cavalões!
Dá-me náuseas a «Excelência»,
Toda a Regularidade,
Dever as contribuições!
Não posso mais, Paciência!
Não quero mais, Sanidade!
Não cedo mais, meus cabrões!
Hoje quero a Independência!
Esta é a Hora da Verdade…
Hão-de acabar os Glutões!
XXIV
E nesta Hora de Invencível Claridade…
XXV
Contribuirei, talvez, com a demência,
Com a leviandade,
Com os gazes das minhas refeições!!!
Asco! Asco! Asco das decências!
Da Sociedade!
Das multidões!
Nada mais são que aparências.
Pura falsidade!
Falsas aptidões!
E eu estou velho, sou velho, sem experiências…
Nem sei se passei pela mocidade,
Mesmo que digam que sim as sensações!
XXVI
AAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!
Ciências!
Liberdade!
Sem pressões!
AAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!
Definições…
XXVII
Preciso do concreto.
Algo que me assista de palpável.
O meu espírito vagueia como um espectro.
O meu corpo é dúctil, maleável.
Nada que conheça é definido.
Nada resiste.
Sou como um carro num troço mau, esquecido,
À espera do momento do despiste.
Quando virá a hora do acidente mortal?
Quando virá o abismo sobre o qual
Me conto despenhar?
Amanhã? Depois? No próximo Natal?
Em hora exacta à casa decimal?
Aqui? Ali? Noutro lugar?
Oh! Quantos?
Quantos?
Quantos?
Quanto mal?
Quantos sois irão ‘inda tombar
Até que chegue a fúria das monções,
Até que os nossos tristes corações
Cessem de pulsar?
Quantos,
Quantos,
Quantas depressões?!,
Quantos,
Quantos,
Quanto há-de faltar
P’ra fechar os salões,
Para o ser não vibrar…
P’ra calar os dobrões,
P’ra o Oásis secar,
P’r’ábafar os pulmões,
E a razão se apagar,
Para o fim das Estações,
Para a vida acabar?!!
XXVIII
Quanto mais se cava a Liberdade
Maiores são as prisões.
Quanto mais se cruza a Tempestade
Maior é o mar…
XXIX
O Mundo é o Carnaval das Ilusões.
Tanta ansiedade que há neste lugar!
XXX
Que ansiedade, sim, nos corações
E nestas trinta razões p’ra me matar!
Lisboa, 09/07/98
Estou certo, amor, de ser como uma planta
Que o Tempo, esse Vilão, murcha e fenece.
É manhã. Chove; e o sol mal se levanta…
A chuva molha a alma que se espanta,
O vento assola o corpo que adoece…
Estou constipado em mim. Dói-me a garganta
Grandezas que sonhei, vi-as secar…
Eu quero a hora exacta, a hora santa,
A Ilusão da Vida, eterna manta
Que cobre o coração, ao dormitar…
Eu quero e espero ainda poder ter
Mais do que estas vontades sem matéria,
Mais do que estes desejos por haver,
E ideias por cumprir e por fazer
E planos de evasão desta Miséria!
Mas porque espero amor p’lo amor que espero,
Se tudo passa ao largo e não em mim?
Murchei. Está visto. O mais é o desespero
Normal em tudo aquilo quanto quero,
Tão próprio desse limbo de onde vim…
E tudo isto porque te ansiei.
Porque uma noite má sonhei contigo.
O que tu és surgiu-me e eu estagnei.
Posso abraçar-te a vida inteira, à Lei,
Dizer-te o que então disse, não te digo.
Mas digo-te isto, agora, se quiseres,
Como nunca, jamais, eu disse a alguém:
És toda a minha força, e os meus seres,
Todo o desejo que há no ter prazeres,
Toda esta Fé qu’ este meu crer contém.
E sei que se algum dia me deixares
Eu vou ficar mais sêco que um Outono,
Como um vadio perdido em mil lugares,
Correndo, grosso e vil, os lupanares,
Chorando em qualquer esquina o abandono!
E sei também, e tem isto seguro,
Que nesse dia que eu pressinto perto,
O mundo inteiro há-de ficar escuro,
A Morte há-de cobrir o meu Futuro,
E tudo há-de murchar com o desacerto!
Sim, tudo, tudo, tudo, é garantido!
Desde a mais breve flor de uma manhã,
Ao caule mais pequeno e mais escondido,
Ou ao tronco mais sólido e crescido
Que há-de tombar como uma folha vã!
E do silêncio tumular das ruas
Há-de brotar um grande cemitério;
E as gentes, enlutadas, brutas, nuas,
Hão-de sair das casas sob as luas
Fadadas pelos astros do Mistério!
E então, descendo as longas Avenidas,
Da Bonomia à Grande Perdição,
Há-de seguir a trupe das carpidas
Hienas velhas, tristes, condoídas,
Por ir a enterrar meu coração…
Morreu porque ansiou a tua vida
Junto co’a minha, num’eterna união…
Que utopia estranha e presumida!
Que grande estupidez irreflectida!
Que triste e singular alienação!
II
Sou planta de mim, em Babilónias
De almas mil que tive e que esqueci
Em sonhos de outros sonhos de sonhar.
Fui Rei do que vivi em cerimónias
Que inventei depois que me fingi
Um Rei com Roque e Reino onde Reinar.
Não tive jardineiro nem monções,
A vida fustigou-me em mil feitios,
Mil vezes vi as pétalas tombar.
Mas fui Senhor das minhas sensações,
Tive mais força em mim do que há nos rios,
Ri-me do Fim onde outro há-de chorar!
Num dia que há-de vir, no fim de tudo,
Um cavaleiro negro de capuz
Há-de agitar o braço, há-de ceifar.
E eu hei-de contemplá-lo inerte e mudo,
Eu hei-de ver o sol perder a luz
Eu hei-de ver os lagos a secar…
E hei-de então buscar os seus motivos
Pensar em mil razões p’r’ó sucedido,
Culpar a Sorte, a Vida, a Divindade;
Hei-d’ olvidar, dos Homens, serem esquivos,
Como fui eu a mão desse bandido
Que tomou forma na minh’ ansiedade…
III
Muito cedo na hora,
Muito vento.
Mas não é tão feio lá por fora
O Inverno que se faz sentir por dentro.
Uma ausência de gente;
Um certo muro.
O que sou desesperadamente
Busca um porto que seja mais seguro.
Ou uma mão,
Uma companhia…
Mas não há Sol que brilhe no serão,
Nem esta noite afasta, a luz do dia.
Sombra; reflexo de algum corpo.
Mas nada que possua nitidez.
Sou eu, és tu, é o outro e o outro;
E o outro, mais, por sua vez.
Tarde.
O sonho arde.
Continuo sem ter-te ou ter-me a mim
E tudo o mais em plena Solidão…
Que somos?
Que fazemos, nós, aqui? –
Adões e Evas do Eterno Jardim
À espera de cumprir a Maldição!
IV
Temos sonhos como toda a gente.
Mas nós sonhamos só pela metade.
Todo o espírito que é nosso é incoerente
E é o medo, sempre, que o invade.
E quem virá aqui pegar-me a mão?
Quem me afagará, estará por perto?
Tu não; ele não; vós não; eles não –
Muito menos aquele Deus incerto…
V
A Noite chegou só para mim...
Só para mim é tudo tão deserto...
VI
Aos outros,
Por serem outros,
A dor nunca lhes pesa.
Para os outros,
Pois são outros,
Nunca há Fim.
VII
Só para mim é tudo tão deserto...
A Noite chegou só para mim...
VIII
Os outros comem fartos uma carcaça obesa,
Os outros passam vidas de festim em festim.
Os outros…
Aos outros…
Para os outros…
Aos outros nunca pesa…
Porque me pesa a mim?
IX
Aos outros nunca pesa…
E se pesasse?
E se de súbito o vento lhes mudasse
E lhes soprasse a Dor por um clarim?
Viria, a raiva?
Iriam revoltar-se?
Degolariam o homem que passasse?
Arrasariam vilas num motim?
Não…
Talvez não tanto…
Talvez gritassem só, dessa aflição,
Ou apenas mendigassem um conforto…
Ou um consolo; um beijo; um fofo manto?
Ou uma nova pele para este corpo?
X
Mas para o Mal que enche a escuridão,
Que porta hão-de selar?
E a ferida que me arde o coração,
Como hão-de a suturar?
XI
À noite, ao longe, as flautas dos pastores
Parecem vir tocar na minha alma…
Escutai! “Ouvem-se já os rumores”
Que trarão paz e calma!
Festa! Banquetes e tambores!
E nós gozando a falsa liberdade
E a doce ilusão das iguarias…
A mesa está cheia, exultai amores!
E com a gula típica de um frade
Cuidamos de comer com alegria…
A mesa está cheia, exultai amores!
É a doce ilusão das iguarias…
XII
Mas terminado o pasto glorioso,
Quando entornado o sumo das garrafas,
Vemos com espanto que a mesa está vazia:
Nunca existiu o vinho saboroso,
Nunca tomámos as taças:
(Nunca tomámos os dias…)
E não nos resta mais do que a agonia
De ter provado um fruto inexistente…
Sensação tão fria
E permanente!
XIII
– Que terrível trapaça!
Estar sujeito à força de um Destino!
Ter a alma à deriva!
– Arrastar a carcaça
Sem noções e sem tino…
Viver d’ alma cativa…
– Odeio a vida que passa.
Tudo o que há, abomino…
Detesto tudo o que viva…
XIV
Vou mandar uma missiva
Aos Senhores do Universo
Com o seguinte documento
Registado em frente e verso:
«Ò Deuses do Céu Cinzento,
Ò Deuses mais que perversos,
Sou Filho do Sofrimento,
Bastardo de um Ser Disperso,
Minha mãe era um excremento,
Em nada do cão diverso,
Eu rastejo pardacento,
Só com as pedras converso;
E só a elas confesso,
Este meu estar desatento,
Desmembrado como um terço,
Trancado no Sentimento,
Já me cansei dos grilhões,
Da pena, do calabouço:
Atirai-me às multidões,
Ou para o fundo de um poço,
Que me façam arranhões,
Se me atirem ao pescoço,
Que me dêem com bastões,
Chicotes de cabo grosso,
Que me roam alazões
Até ao branco do osso,
Que me apaguem das razões
As sensações com que ouço
As minhas acusações
De não ser tudo que posso,
E as minhas frustrações,
As mágoas em que me roço,
E estas vãs pulsações,
E este inútil Pai Nosso,
E estas aspirações,
E este ver que sufoco,
E estas inspirações,
Ai este ver que sufoco!,
E estas expirações,
Ai este ver que sufoco!,
E estas respirações,
Ai este ver que sufoco!,
E estas transpirações,
Oh, asma de ser um fraco!,
Custa-me ter dois pulmões
Mas não ter fol’go de facto…
XV
Anseio por um Homem mais exacto…
XVI
Hora da Hora inconstante.
Que vedas o meu sossego,
Vai p’ra longe! Vai, distante,
Imolar outro borrego!
XVII
Porque hoje, que é o dia em que me nego…
XVIII
O corpo dorme e a razão está parada;
O corpo dorme e a razão… estendida!;
O corpo dorme e a razão é nada;
O corpo dorme. E o que faz a Vida?!
(…)
O relógio suspende o seu batente.
O relógio suspende o coração.
O coração suspende, descontente,
O relógio que marca a pulsação…
(…)
Pulsa, pulsa, pulsa ò sofrimento!
Pula, pula, pula, exaltação!
Ulular!, gritar! Sê barulhento!
Pulular, urrar, aclamação!
(…)
Eu que fui nada, e nada, e sou demente,
Tenho o globo aqui nas minhas mãos…
Simples nada
Alucinação.
XIX
Mas um sonho ainda a balançar!
(E uma ânsia!)
Um furacão, talvez, que se avizinha?
Uma impressão fugaz que antes não tinha?
Uma certeza insana de te amar?
Uma fome voraz de afirmação?
(Que ânsia!
Que ânsia que eu não tinha!)
Pudera então ao menos calcular
Essa medida exacta da distância
Que há entre mim e a minha…
…Perdição!
Um dia a minha dor será Rainha
Deste meu corpo em putrefacção…
Um dia a minha dor…
…Que solidão!
XX
E além da dor eu tenho uma impotência…
Uma abissal ausência de vontade…
E esta raiva, magma de vulcões!
Porque razão? Porquê, ò inclemência?
Porquê tamanha sina, ò Potestades?!
Porque me dais tamanhas provações?
XXI
Poder provar enfim a Divindade
Para saber que é como as povoações!:
Banal e reles, a vulgaridade –
Sem nada que a distinga dos milhões…
XXII
Mas nada posso além dest’ansiedade:
Ajo em receio, por hesitações;
Sou um cobarde, como a Humanidade.
Só sou sincero por simulações…
XXIII
Tudo em mim é incoerência,
Como a materialidade,
Sou absurdo sem razões!
De ter de ter Consciência,
Toda a tontura me invade;
Tremo em longas convulsões!
Vivo sem ter consistência,
Sem ter verticalidade,
Penso por abstracções!
Gasto-me em subserviência,
Sirvo com assiduidade
Dandys, Damas, Cavalões!
Dá-me náuseas a «Excelência»,
Toda a Regularidade,
Dever as contribuições!
Não posso mais, Paciência!
Não quero mais, Sanidade!
Não cedo mais, meus cabrões!
Hoje quero a Independência!
Esta é a Hora da Verdade…
Hão-de acabar os Glutões!
XXIV
E nesta Hora de Invencível Claridade…
XXV
Contribuirei, talvez, com a demência,
Com a leviandade,
Com os gazes das minhas refeições!!!
Asco! Asco! Asco das decências!
Da Sociedade!
Das multidões!
Nada mais são que aparências.
Pura falsidade!
Falsas aptidões!
E eu estou velho, sou velho, sem experiências…
Nem sei se passei pela mocidade,
Mesmo que digam que sim as sensações!
XXVI
AAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!
Ciências!
Liberdade!
Sem pressões!
AAAAAAAAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!
Definições…
XXVII
Preciso do concreto.
Algo que me assista de palpável.
O meu espírito vagueia como um espectro.
O meu corpo é dúctil, maleável.
Nada que conheça é definido.
Nada resiste.
Sou como um carro num troço mau, esquecido,
À espera do momento do despiste.
Quando virá a hora do acidente mortal?
Quando virá o abismo sobre o qual
Me conto despenhar?
Amanhã? Depois? No próximo Natal?
Em hora exacta à casa decimal?
Aqui? Ali? Noutro lugar?
Oh! Quantos?
Quantos?
Quantos?
Quanto mal?
Quantos sois irão ‘inda tombar
Até que chegue a fúria das monções,
Até que os nossos tristes corações
Cessem de pulsar?
Quantos,
Quantos,
Quantas depressões?!,
Quantos,
Quantos,
Quanto há-de faltar
P’ra fechar os salões,
Para o ser não vibrar…
P’ra calar os dobrões,
P’ra o Oásis secar,
P’r’ábafar os pulmões,
E a razão se apagar,
Para o fim das Estações,
Para a vida acabar?!!
XXVIII
Quanto mais se cava a Liberdade
Maiores são as prisões.
Quanto mais se cruza a Tempestade
Maior é o mar…
XXIX
O Mundo é o Carnaval das Ilusões.
Tanta ansiedade que há neste lugar!
XXX
Que ansiedade, sim, nos corações
E nestas trinta razões p’ra me matar!
Lisboa, 09/07/98
Thursday, August 16, 2007
No Gueto da Sensação (Soneto Blues):
(Onde Cada Corpo Se Trai a Si Mesmo)
Merda para o Soneto e as suas normas!
Remerda para o Ditador do verso!
Trimerda para as suas frases mornas
Tolhidas de sentido do Universo!
Fora letras feias de encomenda!
Fora régua e esquadro na[1] Emoção!
Fora Ilhéu da Escrita, de contenda
Da alma com o seu próprio coração!
Não há razão que valha ao sentimento!,
Nem regra existe que se imponha à Vida,
Mesmo se a Vida é um Formulário preto!
Jamais me apanharão (um só momento!)
Nessa armadilha suja da medida!
Que Deus me abata se isto é um Soneto!
Sapadores, 20/12/2007
[1] Nota do Autor: Versão Alternativa: Da.
Merda para o Soneto e as suas normas!
Remerda para o Ditador do verso!
Trimerda para as suas frases mornas
Tolhidas de sentido do Universo!
Fora letras feias de encomenda!
Fora régua e esquadro na[1] Emoção!
Fora Ilhéu da Escrita, de contenda
Da alma com o seu próprio coração!
Não há razão que valha ao sentimento!,
Nem regra existe que se imponha à Vida,
Mesmo se a Vida é um Formulário preto!
Jamais me apanharão (um só momento!)
Nessa armadilha suja da medida!
Que Deus me abata se isto é um Soneto!
Sapadores, 20/12/2007
[1] Nota do Autor: Versão Alternativa: Da.
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