Monday, May 28, 2007

As Últimas Palavras do Imperador de Tudo

O meu jardim suspenso foi plantadoo no Livro do Destino.
Se fui eu que o sonhei não fui eu que o fiz.
Há muito que essa maravilha se extinguiu;
Mas a sua memória há-de ser Eterna.
Eu sou Filipe, Dário, Xerxes, Alexandre, César.
Todos os grandes conquistadores do Mundo passaram os seus sonhos por mim
E através desses sonhos nos fizemos grandes.
Aqui, em Babilónia,
Onde a alma de cada um se guia pelo vento
E segue a sua sombra,
Eu,
O Imperador Absoluto de Tudo,
Rei Indestronável das Nações dos Mares Daqui e D'Além,
Dos Vivos e dos Mortos,
Do Mal e do Bem,
No seio do Labirinto onde se lavra o Mistério
E a Noite imensa se desvenda,
Deixo,
Por testamento,
A minha ossada ao Mundo:

Ousei porque me fiz do meu próprio desejo.
Venci porque tentei o que a vontade manda:
Tudo o mais, na vida, é infecundo.

Lisboa, 28/05/07

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