Thursday, July 12, 2007

«Amor em Tempos de Cólera»

Cai a semente no meio do campo,
Desce fundo, talvez por engano;
Revolve a terra, gasta tamanco,
Trabalha, esfria, e hoje é ramo.

Pousou em tempos semente velha,
Pobre e gasta mas cheia de amor;
Rega com força por gasta telha,
Trabalha, sua, e hoje é flor.

Bailou outrora semente fraca,
Em terras frias e tristes germina;
Protege e cuida alma beata,
Trabalha, cansa, e hoje é vida.

Sob a abóbada do grande céu
Dançou um dia tamanha flor;
Por entre as balas, de frio morreu:
Cavem a cova ao agricultor.

Lisboa, 08/12/92

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