Friday, July 20, 2007

Do que Ocultava o Silêncio…

I

Tu, criança,
És o menino que eu já fui,
És o pássaro que voava livre no céu,
És o cabide
Pendurado no armário,
Que aos poucos e poucos se vai desprendendo
E vai exigindo o que é seu.
Tu, criança,
És o vento,
Que se escapa a todas as mãos, a todos os momentos,
És o luar aberto e misterioso,
Quando gira
No seu preguiçoso
Movimento…
Tu, criança,
És a flor que embeleza os campos soltos
E quando eu posso
Colho p’ra cheirar. –
Que não te importes:
O teu perfume é ar
Para os meus pulmões.
Ar que eu já não tinha; estranho ar!
Tu, criança,
És o horizonte,
És o cume do monte,
Todas as facetas da alegria,
O princípio e o fim do mar.
Tu, criança,
És a parcela perdida da infância,
És o sol, a luz, a água, a vida,
Um turbilhão de verdes circunstâncias
Saídos de uma caixa de magia.
Tu, criança,
És tudo o que eu fui e já não sou,
Por isso tu és menino e eu sou louco,
Por querer sempre demais, fiquei com pouco,
Mergulhei num castelo de ilusões…
Sonhei
Alto demais, suBI,
suBI,
suBI,
suBI,
Fui feliz,
E depois
CAí
Aos t a
r m
bo õ .
lh es . .

Tu, criança,
És tudo aquilo por (que) quem cresce aspira,
És tudo aquilo que um homem nunca tem;
Eles recordam em ti o que perderam,
E só contigo e por ti serão alguém…

§

Um adulto do Mundo
Por todos os adultos do Mundo…

Lisboa, 25/12/96

II

«Das Noites Negras em que me gritáste,
Dos Dias Sujos em que me humilháste,
Das Horas Tristes em que fui teu chão,

Ficou coberto pelo teu silêncio,
Por esse teu orgulho vil e denso,
Este tardio pedido de perdão…»

Lausanne, 29/11/04

III

«Sorrisos do Futuro?
Terras de Além-Mar?
Festim que demora?
Que sois?

O Presente é escuro.
Servir e calar…
Ser Criança agora!
Para quê depois?»

Sê criança agora – Nada há depois…

No comments: