Monday, July 9, 2007

Delírio II

Deus, meu Pai, algo me mói,
Cá por dentro, alguém me rói,
Qual a causa do meu mal?
Será excesso de gosto?
Provo a vida… Não tem sal…

Saio grosso do meu leito,
Vejo fora alguém suspeito,
Traz escondido um cabo forte,
(Era espesso aquele mosto!)
Trar-me-à amor ou morte?

Desse vulto eu ganho medo,
Volto à cama enquanto é cedo,
E aí faço a minha cova,
Meu valado mais profundo –
Deixo a vida para as trovas…

Sim, respiro mas em vão,
Se sou a minha negação:
Quero mudança que mova
A base chã deste Mundo
Mas receio a coisa nova…

Oh!, carcaça sequiosa!
De tolice, só, abundo…
O poema sabe a bispo –
Que farei agora disto?
Um soneto ou uma glosa?

No comments: