I
Foi no Chiado que eu te vi, ò diva!,
Altiva, má, segura, confiada;
Atrás de ti corria a comitiva,
E tu, tão presumida, tão mimada!
Ardeu em mim a febre, a inquietação,
Senti que me fremia um tremor bruto;
Desceu, enfim, sobre o meu coração,
O frio da morte, o tenebroso luto!
Perdi o chão andando e, num momento,
Senti no peito um estrondo e em plena rua
Saltou-me o coração descompassado!
O caso, de tão raro, é um portento!
Por teu olhar, só, diva, e graça tua,
Um coração jaz morto no Chiado…
Lisboa, 08/04/00
II
Felizmente passou, junto a uma grua,
Um casal de agentes da polícia,
Trajado com o máximo cuidado.
Nas suas botas limpas de perua
(Tão próprias da brigada e da milícia),
Reflectiu-se um lindo céu estrelado.
Recebi de chapa a luz da lua
Que me acordou de cena tão suspícia,
E me ensinou que eu estava embriagado -
Alucinei-me, claro, em sub-reptícia!
E esse delírio é que me dava a pua…
O álcool sempre foi um bom diabo!
Lisboa, 02/01/08
Monday, June 4, 2007
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