I
A força das marés arrasa os portos–
Destroços são a marca inquestionável.
A força das marés desfaz colossos –
A areia é a matéria irrefutável.
A força das marés revolve os corpos –
O sangue é uma prova insofismável.
II
A
Estar sozinho
Abraçado
Com o silêncio;
B
Conhecer
O suplício
De ser múltiplo;
C
Conviver
Com o lento
Movimento
D
Da vida
Que me abriga
No seu túmulo.
III
Vivo no abismo
Entre a terra e a onda,
Meu Negro Ostracismo
É seguir na Sombra…
IV
Então Deus criou a Terra
(Que me encerra)
E os Monstros
(São os outros!)
E os Quatro Elementos
(A Fúria, a Fome, a Sede e o Tormento)
E os pecados, que são três
(Sonho, Poente e Eternidade),
E inventou essa vil dualidade
De ser de uma só vez
Abel, Caim…
Nós descobrimos,
Ainda que a despeito da vontade,
Que não choramos apenas, também rimos[1],
Que não foi do mesmo ventre que provimos[2],
Que, por certo, a vida tem um fim[3].
Lisboa, 11-05-98
Notas do Autor: [1] O Ridículo
[2] A Imperfeição
[3] O Desespero
Sunday, June 17, 2007
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