Estou só. Caramba! Tudo tão barroco! –
O rebuscado imenso das cortinas
O taciturno ar de calabouço!
Júlia! Apresse-se! Abra a varanda!
Parece casa de mortos!
Mas o que faz, por onde anda?
Júlia não vem. Chiça! Tudo tão escuro!
O abismo de todos os oceanos,
O precipício de todos os murmúrios
Estão em mim! Tudo se enguiça.
Ah! Pudesse ancorar em todos os portos
E por um termo à preguiça!
Mas não posso. Irra! E tudo tão triste!
O cheiro do cigarro que ainda queima,
As marcas de uma ferida que persiste!
Estar vivo! Ah! Constipação! Espirro
Como respiro e é tudo. O resto são recortes
De intriga rocambolesca! O que é, delira.
Por isso não sou. Arre! E foram tantos anos!
Magnum fuit todo o desperdício!
Pouco é o que agora sobra: Um pouco de ar.
E para qualquer plano agora é tarde.
Quem possa que ponha mãos à obra. Boa sorte.
Eu cá me fico. Perdi o que estava por passar…
O sonho arde.
Lisboa, 25/12/98
[1]Nota do Crítico Literário: Après Cesário.
Saturday, June 2, 2007
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