Saturday, June 2, 2007

O Mar

Menina
Descalça
Na praia
Realça
As conchas
Do mar.

Menina
Morena
Na noite
Serena
As ondas
Do mar.

Mimosa
Menina
Sorrindo
Caminha
Na água
Do mar!

Que importa
Se é fria?
Que interessa
A agonia
Se posso
Bailar?

E da Ilha
Do Fogo,
Se a música
Se ouve,
Começa
A dançar.

Se há
Desavença,
Na calma
Contempla
O claro
Luar.

«Ser livre
Ou fugaz!
Ter tanto
De Paz
Como d’água
O mar!»

Quão nobre
Desejo!
Mas, oh!
O que vejo
É tão
Invulgar!

Se alguém
Cai por terra
Ninguém
O alegra
Ou vai
Ajudar.

Perdendo
Uma mão,
Se noutra
Há valor,
Já lha vão
Cortar.

Que Mundo
Pagão!
E o senso
Cristão?
Perdeu-se
No ar!

Mas da Ilha
Do Fogo,
Se a música
Se ouve,
Começa
A dançar.

Se há
Desavença,
Na calma
Contempla
O claro
Luar.

Menina
Na chuva
Abraça
A espuma,
E os corais
Do mar.

E por entre
As algas
E os búzios
Desfralda
Sorrisos
Sem par.

«Menina,
A vergonha!
Juízo!
Componha
A saia,
O colar!»

Mas ela
Alheada,
Mergulha
Entre as vagas
E deixa-se
Estar.[1]

E da Ilha
Do Fogo,
Se a música
Se ouve,
Começa
A dançar.

E Se há
Desavença,
Na calma
Contempla
O claro
Luar.

E da Ilha
Da Calma
Onde a Praia
E a alma
São um só
Lugar,

Ela brinca
Com a vida,
E na areia
Fina
Começa
A sonhar:

«Ser como
Esta Ilha,
Conter
Maravilhas,
Voar
Como as aves!

Manter
A Esperança
De ficar
Criança
Pela
Eternidade.

Não ter
Pesadelos
E ser
Tudo Belo
Como azul
O mar.

Poder
Ser a sério
Este céu
Etéreo,
Não ter
De sonhar…»

E da Ilha
Do Fogo,
Se a música
Se ouve,
Começa
A dançar.

Se há
Desavença,
Na calma
Contempla
O claro
Luar.

Menina
Descalça
Na praia
Realça
As conchas
Do mar.

E brinca
Com a vida,
Na areia
Fina,
E põe-se
A sonhar:

«Não ter
Pesadelos
E ser
Tudo Belo
Como o mar
Azul.

Poder
Ser a sério
Este céu
Etéreo,
Não ser
Um paul…

Mas é tudo
Triste,
O azul
Não existe
No mar
Mas no céu.

As coisas
São feias
E as pessoas
Cheias
De angústia
E de breu.

Por isso
É o Silêncio
Que guardamos
Dentro
E nos faz
Pesados,

Por isso
Vestimos
Estes fatos
Pretos
E muito
Apertados.

Mas na Ilha
Do Fogo,
Há música!
Ouve!
Só tens
De dançar!

E Se há
Desavença,
Na calma
Contempla
O claro
Luar!

A dor
O que importa,[2]
Se o Azul
Existe?
Vem ver,
Vem amar!

Há dor?
Não importa…
Porque em rir
Consiste
Viver,
Respirar…

E na Ilha
Do Fogo
Há música!
Ouve!
É dançar,
É dançar,
É dançar,
É dançar,
É dançar,
É dançar!»

Lisboa, 16/02/94

[1] Nota do Autor: Versão brasileira: Se deixa/ levar.
[2] Nota do Autor: Versões alternativas: a) A dor?/ Que me importa?, ou b) Onde/ Qu'importa?, etc. Que cada leitor escolha a sua preferida. Aplique-a após a escolha: SEJA A SUA PRÓPRIA VIA. Leu o texto? Mudou o texto. Mudou o texto? Fez poesia…

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