Wednesday, June 20, 2007

Casualidades - (Incitação à união dos corpos)

Como tudo na vida, há um copo
Nas horas de crise, nos cafés.
Como tudo na vida, há um morto
A flutuar na baixa das marés.
Como tudo na vida, há um sopro,
Suspiro final do que se vê:

Quando se apagar a chama nesta vela
Quando tomarmos essa caravela
Rumo ao desconhecido
Estaremos longe…
Que seja unidos!

Como tudo na vida, há um barco
Que se afunda na ponta de um coral.
Como tudo na vida, há um charco
Que ensombra os sonhos na sua espiral.
Como tudo na vida, há um parco
Corredor, fantástico e fatal:

Quando se apagar a chama nesta vela
Quando galoparmos nessa sela
Rumo ao desconhecido
Estaremos longe…
Que seja unidos!

Como tudo na vida, há um teatro
Que se vive e se dorme e se sente.
Como tudo na vida, há um retrato
Passado angustiante que nos prende.
Como tudo na vida, há um abraço
Que nos envolve o corpo inconsciente:

Quando se apagar a chama nesta vela
Quando subir banal àquela estrela
Rumo ao desconhecido
Estarei longe...
Fosse contigo!

Lisboa, 25-05-98

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